O etanol brasileiro passa por um momento de transformação. Após cinco décadas de domínio da cana-de-açúcar como principal fonte de produção, novas matérias-primas começam a ganhar espaço na matriz do biocombustível.
Etanol e a diversificação das fontes de produção
Em 2024, o milho já respondeu por cerca de 20% da produção nacional de etanol, enquanto sorgo, trigo e agave surgem como alternativas promissoras. O agave, típico de regiões semiáridas e usado na produção de tequila no México, mostra potencial para abastecer usinas brasileiras, especialmente no Nordeste.
A produção nacional atingiu 36,8 bilhões de litros em 2024 e deve chegar a 48,2 bilhões até 2035, segundo projeções do Ministério de Minas e Energia.
A força do etanol de milho
O milho desponta como o principal substituto da cana. Atualmente, o Brasil conta com 24 usinas dedicadas ao etanol de milho e 38 novos projetos em andamento. A maior usina do mundo, localizada em Sinop (MT), processa 4,6 milhões de toneladas de milho por ano.
Uma das vantagens do milho é sua flexibilidade: pode ser armazenado e processado durante o ano todo, diferentemente da cana, que precisa ser beneficiada logo após a colheita.
Alternativas com sorgo e trigo
O sorgo, cereal resistente à seca, tem custo até 25% menor que o milho e vem sendo adotado por diversas usinas para compor o mix produtivo de etanol. No Sul, o trigo começa a se destacar, com usinas no Rio Grande do Sul transformando grãos de baixa qualidade em biocombustível.
Essa diversificação reduz a dependência de uma única biomassa e aumenta a segurança energética do setor, além de ampliar o aproveitamento agrícola em regiões antes pouco exploradas.
Tecnologia e usinas flexíveis
O avanço tecnológico permite que as usinas tradicionais de cana passem a operar de forma “flex”, processando cereais durante a entressafra. Essa adaptação melhora o uso da estrutura e garante produção constante de etanol ao longo do ano.
O futuro do setor caminha para a integração entre eficiência produtiva, inovação e sustentabilidade, consolidando o Brasil como referência global em biocombustíveis.
